Conto 1:

Muitos beijos em um só silêncio.

         Não me lembro de estar aqui, eu que somente estou aqui, me enrolando com as minhas complicadas palavras, e a saber que muita coisa aqui não me adianta de nada.

         Os meus dias são somente assim, estou aqui tão sozinha, e por ficar aqui é que eu me perco nesses livros, me aprofundo em palavras, enxergo perguntas, mas nada corresponde ao que tanto quero, mas o que eu queria, talvez, ou na verdade nunca os livros poderiam me dar.

         Entre quatro paredes, o silêncio predomina, e grita tão alto que pode ser escutado em todo lugar, comparado que todo lugar seja somente esse espaço onde eu esteja, frio, sozinho, iluminado, mas tão apagado, cheio de lembranças que na verdade não são minhas, de histórias que eu não posso viver, de páginas da vida, e de um alguém que eu nunca pude conhecer, pois os livros podem ser a porta para tudo, mas nunca serão a saída para o que eu queria viver.

         Estou com sono, tanto sono, na meia-noite ou meio-dia desse relógio de um ponteiro só, mas se eu dormir aqui, aqui de novo eu vou acordar, e se eu não dormir não poderei sonhar, e somente os sonhos seriam algo que dentro desse pequeno espaço seriam meus, na verdade somente meus.

         Pode ser até uma vergonha eu ser uma pessoa tão egoísta, mas acredito que se eu contasse o que eu desejo, quem era que poderia escutar? Quem era que pararia para me ouvir? E quem o meu desejo iria realizar?

         Na verdade eu quero decidir que não quero mais nada, ficar aqui é somente o que vai acontecer, e a minha vida pouco a pouco vai passar.

         Tudo bem, não vou mais dormir, pois o meu sono passou. A verdade é que quando se dorme a gente se despede do dia com a esperança, adormece e sonha, e quando se acorda, se recorda. Mas eu e você não podemos ficar juntos, confesso que seria impossível, nada é mais valioso do que você, poucos sentidos da minha vida valeram tão à pena.

         Entre pequenos espaços, olhos fechados, e bocejos, era você, e ao mesmo tempo não era, dentre todas as eras, acredito que essa foi a mais real.

         Voltando ao antes, ou será que foi o depois? Eu simplesmente não sei! Acredito que essa foi uma afirmação tão verdadeira, mas tão verdadeira que viveu poucos minutos, e dentre esses minutos eu fui feliz.

         O frio que congelava lábios desprotegidos, e eles foram aquecidos quando se encostavam na tua boca, em um beijo perdidamente quente, envolvente, surpreendente, mas ausente, e e jamais estar nunca presente, e cheio de sentimentos sinceros.

         Se eu ficar sozinha por milhões, bilhões, e trilhões de anos, só com essa sensação me darei por satisfeita, onde a minha alma encontre, refrigério, gozo, e paz, mesmo sabendo que nunca irá te ver mais.

         Saiba meu anjo, que nem todas as estrelas do céu forma uma constelação, mas uma constelação se compõe através de uma única estrela, que passa, que brilha, e muda de direção, mas não reclama por ter o amor no coração.

         Poderia ser uma pena por eu somente estar conversando com as paredes, jamais elas conseguirão me ouvir, mas me darão razão, tanta razão que não me disseram nada, pois tudo se tornou o suficiente.

         Meu caso é complicado, e ao mesmo tempo gostoso de estudar, e eu afirmo somente uma coisa, que entre livros e paredes, alguém esteve a me beijar.

Autor: Edimilson Junior.